domingo, 5 de janeiro de 2014

Relato 01

Eu era uma criança e não entendia nada daquilo, mas vocês achavam bonitinho, então eu continuava. Demorei pra perceber que aquele tio não me amava, aquilo nunca vai ser amor, mas vocês me amam e deveriam ter me protegido. Meu primo? Ah, eu não o culpo, criado por quem foi não me espanta querer me ensinar "coisas que primo ensina pra prima mas a mãe não pode saber". Mas quantos anos eu tinha? Uns 3, talvez, não sabia o que fazer ou falar, alguns poucos anos depois eu soube, e aquele belo "sai daqui, idiota, e tira essa mão da minha nuca" afagou o mesmo primo, já adulto.
Passaram-se anos até que eu pudesse perceber o que aquilo realmente significou, e veio com aquele cabelereiro, o tal que não pode resistir à beleza sedutora de uma adolescente de 17 anos vestida numa daquelas capas de cabelereiro, sexy não?
Não!

Nada disso é sexy, uma criança não é sexy, e se você pensa que é, não diga que a ama, assuma que você é doente e precisa de ajuda.
Não finja que na sua família isso não existe, não cometam o erro da omissão.

E ainda hoje eu tento entender o porquê do medo de ficar sozinha, o medo de "me fazerem algo de mau" ou o porquê de não conseguir esquecer e viver livre disso. Já foram 4, quantos mais serão os anos de terapia?

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